Quando o Bob McClure decidiu dinamizar o seu negócio familiar, o McClure’s Pickles, encontrou um espaço comercial partilhado numa fábrica de tofu. Contudo, as bactérias benéficas presentes no ar — resultantes do processo de fermentação da soja — comprometeram a sua primeira produção de pickles.
Embora todos os setores apresentem as suas próprias complexidades, o ramo alimentar enfrenta desafios muito particulares. Existe um risco acrescido de implicações legais, uma gestão delicada entre o inventário e as datas de validade, e ainda uma cadeia de abastecimento instável, vulnerável a fatores tão diversos como o clima ou as bactérias transportadas pelo ar.
Ainda assim, para muitos empreendedores, poucas coisas são tão gratificantes como preparar boa comida e alimentar as pessoas. Para quem quer enfrentar este desafio e transformar o sonho de ter um negócio alimentar em realidade, este é o ponto de partida ideal.
Este guia passo a passo mostra-lhe como vender comida online, com dicas de especialistas para navegar pelas leis alimentares, a otimizar os seus investimentos em marketing e a criar uma marca irresistível.
Como vender comida online em 13 passos
- Investigue as leis alimentares
- Encontre o seu nicho
- Decida sobre um modelo de negócio: produzido vs. curado
- Fonte de ingredientes
- Determine o seu modelo de produção alimentar
- Crie a sua marca
- Faça as contas
- Defina o preço dos produtos alimentares
- Configure a gestão de inventário
- Planeie o crescimento e o desenvolvimento de produtos
- Configure o envio
- Escolha os seus canais de venda
- Promova o seu negócio alimentar
1. Investigue as leis alimentares
Saber como vender comida online começa por perceber a lei e as melhores práticas de segurança alimentar. Burst
Normalmente, o primeiro passo para começar um negócio é ter uma grande ideia. No entanto, com os negócios alimentares, é importante perceber bem a complexidade das leis alimentares antes de começar.
Ao vender comida online, a segurança é sempre uma prioridade. As entidades governamentais regulam de perto a indústria, mas cabe ao empresário seguir as regras e garantir a qualidade sempre.
Segundo o advogado especializado em alimentos Glenford Jameson, quem cumpre as normas, deparar-se-á com poucos problemas de futuro. Mas se algo correr mal, as consequências podem ser muito sérias: multas pesadas, encerramento do negócio ou até apreensão de produtos.
Os inspetores oferecem conselhos bastante sábios e, francamente, gratuitos sobre como garantir que está a produzir um produto bom e razoável.
Glenford Jameson, Advogado de Direito de Alimentos
Se o produto for complicado ou exigir licenciamento adicional (carne, peixe e alguns produtos agrícolas, por exemplo), é sensato consultar um advogado com experiência na indústria alimentar. Embora o custo inicial possa ser elevado para um novo empresário, pode evitar consequências ainda mais dispendiosas no futuro.
Se optar por navegar a parte legal da gestão um negócio alimentar sem um advogado, assegure-se de que segue as melhores práticas gerais:
- Manuseie e armazene os alimentos corretamente. Aprenda a manusear e armazenar os alimentos de forma adequada. Mantenha-se a par das práticas de preparação de alimentos. Faça o que for necessário para que as pessoas não fiquem doentes ao comer a sua comida.
- Rastreie a cadeia de abastecimento. Faça perguntas aos fornecedores e obtenha referências.
- Trabalhe com um laboratório para testar os seus produtos. Os laboratórios podem ajudar a identificar e rastrear elementos que podem causar reações alérgicas.
- Mantenha registos detalhados. Rastreie tudo o que entra e sai da sua instalação.
- Faça amizade com o inspetor alimentar. São pessoas que estão lá para identificar problemas e prepará-lo para o sucesso. “Os inspetores alimentares dão-lhe conselhos bastante sábios e, francamente, gratuitos sobre como garantir que está a produzir um produto bom e razoável,” diz Glenford.
- Obtenha um seguro de responsabilidade civil. Assegure-se de que está salvaguardado caso alguém fique doente.
Nota: cada país e região apresenta diferenças nas leis alimentares e nos requisitos de licenciamento, e algumas indústrias, como a dos laticínios e do álcool, podem estar sujeitas a regras adicionais. É recomendável que consulte um advogado e as autoridades locais para obter informações específicas ao seu negócio e à sua região. Para os efeitos deste artigo, as informações e dicas fornecidas são de caráter geral e não devem ser interpretadas como aconselhamento jurídico.
2. Encontre o seu nicho
A Zesti encontrou o seu nicho num negócio alimentar online de condimentos muito específicos, como molho picante com sabor a pizza. Zesti
As melhores ideias de negócios online nascem de uma paixão ou de um hobby. O mesmo se aplica à venda de comida. Por exemplo, se faz compotas para amigos e família com morangos cultivados no seu quintal, este é um bom ponto de partida. Já conhece o processo e tem experiência em aperfeiçoar e testar as receitas.
O Bob McClure e o seu irmão Joe cresceram a fazer pickles com a avó Lala, e foi a receita da família que, em última análise, inspirou o negócio, McClure’s Pickles. Um ator e um estudante de psicologia, que nada sabiam sobre negócios ou fabrico, mas que tinham uma receita familiar testada e aprovada.
Tendências alimentares
Marcas como a Fly by Jing estão a colher os frutos da atual tendência dos condimentos criativos. Fly by Jing
Se não faz ideia do produto a comercializar, investigue as tendências alimentares. Pesquise o que é que as pessoas procuram? O que é que está a fazer sucesso?
Para descobrir o que está em alta este ano use ferramentas como o Google Trends, acompanhe notícias online, publicações alimentares e plataformas de redes sociais como o TikTok.
Mas lembre-se: entrar numa tendência significa que irá encontrar muita concorrência. Questione-se como é que o seu produto se destaca no meio do ruído.
Quando os McClure decidiram vender um produto de conserva premium, tinham muito pouca concorrência. Porém, mais de uma década depois, a conserva ganhou popularidade como parte do movimento da slowfood. O Bob vê a concorrência como algo positivo. “É o tipo certo de concorrência, pois traz consciência para produtos altamente especializados e orientados para a qualidade,” diz. “Ajuda a melhorar toda a nossa categoria.”.
Mais ideias para negócios alimentares
A Juneshine foi uma das marcas que aproveitou a tendência da kombucha alcoólica no seu negócio alimentar online. Juneshine
Outra forma de descobrir uma boa ideia é encontrando uma lacuna no mercado. Há muitas ideias lucrativas que começaram assim, resolvendo um problema ou a preencher as necessidades de um mercado de nicho.
Será que o seu negócio se pode encaixar num destes nichos?
- Produtos personalizados ou novidades.
- Alimentos gourmet, artesanais e de pequena produção.
- Sem alergénios, sem glúten ou sem nozes.
- Ingredientes certificados como orgânicos, naturais e de comércio justo.
- Alimentos veganos, vegetarianos, kosher ou halal.
- Paleo, keto ou baixos em hidratos de carbono.
- Vídeos de comida, receitas, kits de refeições e livros de receitas.
O negócio da Jodi Bager, Grain Zero, nasceu da sua experiência pessoal a lidar com colite ulcerosa. O público que alcança é composto por pessoas que vivem com colite e outras doenças intestinais. Para responder a essas necessidades, produz snacks saudáveis sem os ingredientes que normalmente desencadeiam a condição. “Também procuramos atender às exigências da crescente comunidade paleo”, afirma Jodi, “e estamos a conquistar um público mais vasto do que nunca.”.
Ideias para iniciantes
Se está a começar no mundo alimentar, investigue ideias de pequenos negócios que requerem um investimento mais baixo, equipamentos mínimos, menos desafios de envio e restrições legais.
Algumas ideias de menor investimento incluem:
- Doces.
- Snacks embalados.
- Produtos enlatados e em conserva.
- Especiarias.
- Kits de ingredientes para produtos de pastelaria.
- Nozes e sementes a granel.
- Ingredientes crus (farinhas, etc.).
- Revenda curada (produtos feitos por outros vendedores).
- Café e chá.
Pesquisa de mercado
Se já tem uma ideia, teste a sua viabilidade. Há um mercado para este produto? Se for um mercado saturado, como é que o produto se destaca? Há um nicho por explorar ou um cliente mal servido?
A pesquisa de mercado deve incluir a investigação das regras que regem a indústria escolhida detalhadamente. É legal vender o seu produto online e enviá-lo? Aqui estão algumas perguntas a fazer:
- É legal vender o produto online na região onde opera ou para onde planeia enviar? Considere, por exemplo, produtos com infusão de álcool ou canábis.
- O produto é demasiado frágil para ser enviado? Que tipo de embalagem especial seria necessária para o proteger? Pense em produtos de pastelaria ou frascos de vidro.
- A vida útil do produto alimentar torna a gestão de inventário demasiado complexa? Considere produtos de pastelaria ou guacamole.
- O produto requer refrigeração? Se sim, de que forma é que isso limita o raio de envio ou as opções de transportadora? Pense em carnes ou molhos frescos.
3. Decida sobre um modelo de negócio: produzido vs. curado
A Jacobsons vende marcas de queijos artesanais e produtos alimentares especiais para uma experiência de compra curada. Jacobsons
Existem muitas formas de iniciar um negócio na indústria alimentar, desde fornecer ingredientes crus a fabricantes até abrir o seu próprio restaurante, mas se quiser vender comida online, há dois principais modelos de negócio.
Produzir produtos alimentares para venda
Este modelo de negócio refere-se à produção de alimentos numa empresa sediada a partir de casa ou numa instalação comercial com venda direta aos consumidores (DTC). Pode optar por tratar de toda a cadeia de abastecimento e estar pessoalmente envolvido na produção ou trabalhar com um fabricante terceirizado que produz e embala uma receita segundo as suas especificações. Neste modelo, também pode expandir os seus canais de venda e considerar a venda por grosso a outras lojas.
Nota legal: muitas regiões têm leis relativas a alimentos caseiros que permitem produzir determinados produtos alimentares numa cozinha doméstica, sem ter de cumprir os mesmos requisitos aplicáveis a cozinhas comerciais. Em Portugal, é fundamental verificar a legislação local, uma vez que esta é bastante burocrática e distinta.
Curar e revender alimentos
Este modelo envolve a revenda de produtos de outras marcas. A proposta de venda única (USP) pode estar em oferecer o melhor de um determinado produto, como mostardas de todo o mundo. Outra possibilidade é recorrer ao dropshipping, para trazer produtos de várias marcas para um novo mercado.
Nota: grande parte deste artigo destina-se a negócios de produção alimentar. Se quer escolher produtos alimentares para revenda avance para o passo 6 para começar a criar a sua marca.
4. Fonte de ingredientes
Rastreie a cadeia de abastecimento, diz o advogado de alimentos Glenford Jameson. Burst
Glenford enfatiza a importância de realizar uma pesquisa cuidadosa ao procurar ingredientes. “É essencial rastrear a cadeia de abastecimento”, afirma, de modo a garantir que as alegações da embalagem correspondam ao conteúdo e que as empresas com que trabalha sejam confiáveis.
Se planeia produzir um produto que será rotulado como orgânico, por exemplo, certifique-se de que o seu fornecedor de ingredientes crus tem a certificação adequada antes de fazer alegações na sua embalagem.
Desenvolver um relacionamento com o fornecedor melhora a confiança e faz com que estes se sintam mais investidos no seu negócio. “Às vezes, os nossos fornecedores fazem sugestões com base em algo novo que chega ao mercado,” diz Jodi. “É uma parceria colaborativa.”.
- Quando está a começar e a produzir em pequenas quantidades, pode ser economicamente viável comprar ingredientes em armazéns de consumo.
- Ligue-se a outras pessoas. Em certas indústrias, encontrar fornecedores pode depender do boca-a-boca e de apresentações pessoais. Os fundadores da Soul Chocolate falaram com pessoas na indústria para entrarem em contacto com agricultores de cacau regionais.
- Alternativamente, para produtos como cacau e grãos de café, procure um distribuidor que trabalhe diretamente com os agricultores.
- Faça parcerias com outros produtores de pequena escala para comprar ingredientes a granel em conjunto.
Recursos úteis:
- Consulte a legislação em vigor para ler as regras de fabrico e/ou comercialização de produtos alimentares em Portugal.
- Informações sobre a rotulagem e rastreabilidade em Portugal.
5. Determine o seu modelo de produção alimentar
Uma cozinha profissional pode estar fora de alcance a início, mas talvez possa arrendar um espaço ou partilhá-lo com outras pessoas. Kitchen Collective
Embora os pickles McClure tenham começado na cozinha da família, melhoraram continuamente a sua produção. “Quando estávamos a começar, arrendámos uma cozinha que tinha um fogão maior,” diz Bob, “e ligávamos aos nossos amigos e dizíamos: ‘Olha, eu compro pizza e cerveja se vieres fazer pickles comigo no fim de semana.’”.
A empresa acabou por conseguir um espaço de fabrico de aproximadamente 1 900 metros quadrados. Os McClure são um ótimo exemplo de como aumentar a produção à medida que cresce. Começar a partir de uma instalação doméstica é uma forma de baixo risco de testar o seu modelo de negócio.
Vender comida a partir de casa
Alguns itens alimentares podem ser legalmente produzidos na sua cozinha doméstica, mas terá de investigar as normas em vigor para ter a certeza de que cumpre a legislação e evita coimas.
Arrendar cozinhas partilhadas
Muitas instalações disponibilizam um espaço de cozinha partilhada que pode arrendar à hora ou mensalmente, dependendo das suas necessidades de produção. Os benefícios são:
- Custos reduzidos. Não precisa de comprar equipamentos do zero e o modelo partilhado significa que não está a pagar a renda a solo.
- Menos papelada. Estas instalações já estão registadas como espaço comercial e obedecem às normas exigidas.
- Conhecimento partilhado. Estar com outras pessoas que têm pequenos negócios permite-lhe aprender e criar uma comunidade.
Configurar a sua instalação comercial
Tem autonomia total e começa do zero com este modelo. Terá de criar uma instalação que atenda às suas necessidades desde o início. Esta é a opção mais cara e requer diligência — é responsável por garantir o cumprimento das normas e licenciamentos da instalação.
Pode não ser a melhor opção para novos empreendedores, mas sim um objetivo para o futuro. “Começámos por baixo na cozinha da nossa casa e depois fomos crescendo,” diz Jodi. “Não nos mudámos até estarmos a rebentar pelas costuras e sabermos que tínhamos um negócio grande o suficiente para aguentar a mudança.”.
Trabalhar com um fabricante existente
É ótimo para empreendedores que preferem estar mais focados no negócio do que na produção. É uma opção segura para iniciantes, pois os fabricantes devem já estar familiarizados com a segurança alimentar e as regulamentações. Embora a ideia, a receita e a marca sejam todas suas, a execução fica a cargo dos profissionais. E acaba por ter tempo para investir noutros aspetos do negócio.
Em Portugal, muitas empresas optam por arrendar instalações já licenciadas e inspecionadas pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). Esta solução permite acelerar o processo de entrada no mercado, uma vez que o espaço já cumpre todas as normas de higiene e segurança alimentar. Além disso, evita a complexidade e o investimento necessários para criar e certificar uma cozinha ou fábrica de raiz, o que permite ao empreendedor concentrar-se no desenvolvimento do produto e da marca.
6. Crie a sua marca
Para criar uma marca primeiro tem de contar uma boa história e destacar-se. Estes elementos servem de fonte de inspiração para tudo, desde o site até ao design da embalagem. Oat Haus
Vender comida online é especialmente desafiante porque a parte mais importante na tomada de decisão — poder provar — não é possível. Como os clientes não podem experimentar o produto, a marca é especialmente importante. O design da embalagem, a fotografia, o site, a página do produto e o texto precisam de estar perfeitamente alinhados para contar a sua história e ajudar os clientes a imaginar qual será o sabor do produto.
Nesta indústria, a embalagem assume um papel fundamental, contrate um designer para ajudar com as suas necessidades, se for possível.
Quando cria uma marca primeiro tem de responder a algumas perguntas sobre como é que quer que o negócio seja percecionado pelos clientes. “Escolhemos o nosso nome e a nossa identidade — tudo, desde o rótulo, o visual, a sensação, o texto — para ser algo que transmita uma ideia de produto artesanal, mas ainda assim urbano,” diz Bob.
Uma história cativante a contar a origem da fundadora pode ser uma ferramenta poderosa para converter clientes que veem as suas próprias experiências refletidas na marca. Diaspora Co.
Leis sobre embalagem e rotulagem
Além do apelo visual da embalagem, cada país tem os seus próprios requisitos de rotulagem, que podem incluir datas de validade, informações nutricionais, avisos sobre alergénios e país de origem. Se planeia enviar o seu produto além-fronteiras, especialmente para retalhistas, verifique as regras do país de destino relativamente à rotulagem.
Recursos úteis:
7. Faça as contas
Quanto custa realmente começar um negócio alimentar? Se abrir um restaurante ou uma loja de alimentos física, os custos iniciais podem ser superiores a 25 000 euros. Mas há muitas formas de começar com custos iniciais muito menores.
Os produtores de pequenas quantidades que começam negócios a partir de casa têm muito menos despesas gerais e podem expandir as suas operações para espaços comerciais mais tarde, à medida que o negócio cresce.
Sem grandes despesas ou custos de pessoal, é possível, começar a vender comida online com apenas algumas centenas de euros para cobrir ingredientes, custos de site e marketing, e embalagem.
Se não conseguir fazer a gestão do negócio a partir de casa, tenha em consideração o custo mensal de uma instalação comercial ao calcular os seus custos iniciais. As instalações de produção podem ser caras, mas se arrendar um espaço que obedeça às normas poupa bastante numa fase inicial.
8. Defina o preço dos produtos alimentares
A maioria dos empreendedores, independentemente do produto que vendem, concordará que: definir preços é difícil. Não há uma fórmula de preços que funcione para todos. Conheça bem os custos (fixos e variáveis) e continue a ajustar até acertar.
O Daniel sugere abdicar do lucro inicial para colocar o produto diante do maior número possível de clientes. “Com o tempo, estas poupanças trar-lhe-ão retorno,” afirma.
Coloque o produto diante do maior número possível de potenciais clientes, mesmo que adie lucros. Bull & Cleaver
Já o Bob tem uma filosofia diferente: se acredita no valor do produto, defina um preço em conformidade. Dá como exemplo a política de preços da McClure: “Não somos o produto mais barato que existe,” afirma, “por isso temos de competir com base na nossa singularidade, caso contrário, somos apenas mais um produto de commodities. E aí é uma corrida para ver quem consegue fazer o preço mais baixo.”.
As margens de lucro para negócios alimentares também dependem de muitos fatores, por exemplo, dos produtos vendidos ou da forma como os está a vender.
9. Configure a gestão de inventário
Unsplash
A marca Grain Zero distingue-se por ter produtos que contêm ingredientes naturais e sem conservantes. A vida útil da maioria dos produtos da empresa é de apenas cinco a seis meses. Em consequência, a Jodi, mantém um inventário reduzido, renovando-o a cada uma ou duas semanas.
Embora os pickles McClure tenham uma vida útil mais longa, o Bob quer garantir que os clientes recebem o produto o mais fresco possível. Por essa razão, a estratégia de inventário da empresa foca-se em ter menos stock.
“É um ato de malabarismo, e estamos sempre a melhorar a previsão das nossas necessidades,” afirma. “Temos de produzir para justificar a produção e garantir que há um canal de vendas (ou um ponto de venda) a par de uma procura suficiente para escoar o produto.”.
Dicas:
- Investigue as ferramentas de inventário disponíveis na Shopify App Store, pois podem ser integradas na sua loja e alavancar as suas vendas online.
- Use a numeração de lotes ou códigos de barras para manter o inventário organizado.
- Eduque a equipa quanto às melhores práticas de gestão de inventário.
10. Planeie o crescimento e o desenvolvimento de produtos
McClure’s Pickles
Os McClure foram bem sucedidos ao focarem-se no produto que dá nome à sua marca, aperfeiçoando e iterando a receita da avó.
As ideias de baixo risco vieram a seguir. Sabores de pickles testados e aprovados, por exemplo, foram aplicados a outros produtos, como batatas fritas. A pedido dos clientes, seguiu-se o mix Bloody Mary.
Inicialmente, os movimentos de expansão dos McClure foram feitos em resposta ao feedback dos clientes. Desde então, que o desenvolvimento de produtos se tornou mais sofisticado, e a família depende de dados para tomar a próxima decisão.
Antes de lançar um produto, é fundamental garantir que existe procura suficiente para sustentar a ideia.
Bob McClure, fundador, McClure's Pickles
Embora a família ainda adore interagir com os clientes e ouvir as suas ideias, o Bob alerta para que se tome cuidado. “Nem todas as ideias são ouro,” diz. “Antes de lançar um produto, é fundamental garantir que existe procura suficiente para sustentar a ideia.”.
Expansão para produtos adjacentes à comida
A Dominion City Brewing Co. vende cerveja a nível local através da sua loja online, mas as leis sobre bebidas alcoólicas impedem-na de vender além-fronteiras do estado de Ontário. Os fãs da marca, que vivem fora da província, ainda podem comprar produtos da marca, como copos e roupas.
Produtos, como roupas e acessórios com a marca, são uma ótima ideia de produto para aqueles que vendem alimentos em categorias restritas. Dominion City
Experimente vender itens complementares para melhorar o alcance para lá do seu mercado local, aumentar o valor médio dos pedidos e criar consciência de marca:
Ideias:
- Merchandising com a marca, como sacos, t-shirts e canecas.
- Cartões-presente.
- Produtos alimentares complementares (por exemplo, tostas de terceiros para vender com o queijo).
- Utensílios de cozinha relevantes, como aventais, tábuas de cortar e toalhas de mesa.
- Livros de receitas, e-books ou conteúdo de receitas por assinatura.
11. Configure o envio
Unsplash/Sticker Mule
Dedicámos muito tempo a criar recursos para ajudar os empreendedores de e-commerce a simplificar os processos de envio. Afinal, é um dos pontos mais complexos para os proprietários de negócios.
E, naturalmente, que: enviar comida traz desafios adicionais, especialmente ao enviar para fora do país. “Quando exporta comida, há uma série de alimentos cuja exportação é regulada pela legislação de mercadorias,” diz Glenford. “Que têm as suas próprias regras.” Investigue se o seu produto está sujeito a leis específicas nos países para onde está a enviar — e de onde está a enviar.
Pense também nas potenciais restrições ao seu produto no país de destino. Tecnicamente, uma vez que os produtos estão no fluxo de envio, são problema do comprador, mas uma má experiência de atendimento ao cliente pode ser prejudicial para os negócios. Mitigue a frustração final do cliente informando-se sobre as leis dos locais para onde envia.
Por exemplo, um produto infundido com canábis pode ser legal em Portugal onde o produz, mas pode não ser em muitos estados dos EUA.
Alternativamente, para evitar a burocracia, pode trabalhar com um serviço de cumprimento se as suas vendas forem quase todas além-fronteiras. “Descobrimos que o custo de enviar pedidos individuais para os EUA era proibitivo,” diz Jodi. “Como tal, enviamos pedidos em grande quantidade para os EUA, onde são armazenados e enviados diretamente para os clientes nos EUA.”.
Embalagem e envio de itens frágeis ou perecíveis
Muitos produtos alimentares são frágeis ou vêm em embalagens delicadas e, por isso, podem exigir materiais de envio adicionais para garantir a proteção adequada. Ao definir as taxas de envio, é importante considerar o custo desses materiais extra, o peso do pacote e o tempo necessário para o preparo da encomenda.
Produtos que requerem refrigeração não são ideais para envio, mas a Vegan Supply, em Vancouver, consegue enviar os seus produtos com sucesso para todo o Canadá, utilizando embalagens refrigeradas e envio expresso. Também é possível trabalhar com transportadoras que disponham de veículos refrigerados ou optar por limitar a entrega a nível local.
Envio de pedidos e entrega local
Se está a vender um item que simplesmente não pode ser enviado pelo correio (por exemplo, cupcakes cobertos com glacé), experimente alternativas que ainda lhe permitam vender comida online. Ofereça opções online para clientes que pré-encomendam o seu produto: levantamento na loja ou entrega local.
12. Escolha os seus canais de venda
A melhor forma de iniciar um negócio alimentar é vender online através do seu site. Este método dá-lhe controlo total sobre a sua marca e lista de clientes. Alcançar o público-alvo é um pouco mais complicado com uma loja online do que utilizando um mercado online, por isso, poderá querer explorar outros canais de venda à medida que cresce.
Criando um site
Assim como no branding e na embalagem, a aparência e a sensação do site são importantes para ajudar a influenciar o cliente a comprar um produto alimentar sem o provar primeiro. Em alguns casos, pode também ser a primeira impressão que um visitante tem da marca.
Use o texto da página de produto para descrever o sabor e a textura em detalhe. As descrições dos produtos online devem incluir informações sobre ingredientes e alergias na íntegra. A fotografia do produto também é importante (falaremos melhor sobre isso adiante). Inclua: avaliações de clientes, conteúdo gerado por utilizadores (UGC) e receitas em que o produto seja utilizado.
Para manter a página do produto organizada, invista tempo numa página de perguntas frequentes completa para responder a questões adicionais sobre ingredientes, informações dietéticas e métodos de produção.
Mesmo que o site não seja a sua maior fonte de vendas, é importante nutri-lo como uma ferramenta para se ligar aos clientes e contar a sua história. “Estamos em 5 000 lojas em todo o mundo,” diz Bob, “mas ainda temos um grupo central de pessoas que visitam o nosso site, compram todos os anos, gostam de ver o que estamos a fazer e de estar ligados à marca e à sua história.”.
As páginas de produtos abrangentes da Surreal incluem informações nutricionais, comparações com outras marcas, avaliações e perguntas frequentes organizadas numa barra de navegação que mantém a página organizada. Surreal
A Acid League escolheu um tema limpo e arejado para combinar com o seu design de marca e dar destaque aos seus produtos. Acid League
Criar um site do zero pode ser uma ideia assustadora, especialmente se os seus talentos estão na cozinha, não na codificação. Boas notícias: não precisa de o fazer. Com plataformas de e-commerce, como a Shopify, pode configurar um site rapidamente, sem necessidade de experiência técnica.
Escolha entre um conjunto de modelos de site padrão na Shopify Themes Store e depois personalize-o com as cores da sua marca, logótipo e texto. Eis alguns dos modelos mais populares:
- Taste (grátis)
- Crave (grátis)
- Editions ($$)
- Canopy ($$$)
Fotografia de alimentos
A fotografia e o apelo dos alimentos podem dizer muito a um cliente sobre o seu produto mesmo quando não é possível provar. Noodie
Pode optar por fazer as suas sessões fotográficas ou contratar um profissional que tenha experiência em estilizar e iluminar alimentos. Fotografar alimentos pode ser particularmente difícil devido à captura de cores naturais e reflexos de superfícies reflexivas (como os frascos).
Tire fotos para páginas de produtos alimentares contra um fundo limpo. Estas devem incluir a embalagem de vários ângulos e detalhes em close-up do produto para mostrar a textura e a cor.
McClure’s Pickles
A fotografia em contexto diário pode ser usada na página inicial, em campanhas de marketing e em conteúdo como as receitas. As fotos dos produtos alimentares a serem usados em receitas ou emparelhados com outros alimentos ajudam o cliente a ver como o produto pode ser utilizado na sua própria cozinha ou em eventos.
Retalho e venda por grosso
Os retalhistas podem tornar-se mais do que um canal de distribuição para os seus produtos, podem ser um complemento ao seu negócio alimentar online. Unsplash
Os McClure, primeiro, dinamizaram o negócio através de parcerias de retalho. O sucesso nesse canal dependia de ver os retalhistas como parceiros no negócio e missão da empresa. “Alguns dos nossos parceiros de retalho assumem parcerias mais familiares. Trabalhamos com eles para fazer combinações de menu ou eventos específicos centrados nos nossos produtos e nos deles,” diz Bob.
Recurso para encontrar parceiros de retalho:
- Faire (mercado de venda por grosso)
Outros canais de venda
Muitas marcas expandem os seus canais de venda para alcançar públicos ainda mais amplos ao vender comida. Se não planeia abrir uma loja de retalho, há outras oportunidades offline. Os mercados online são outra opção para o seu negócio. Pode sincronizar a sua loja Amazon ou Etsy com a sua loja Shopify para agilizar a gestão de inventário entre canais.
13. Promova o seu negócio alimentar
O marketing é um dos aspetos-chave de gerir um negócio. Tem uma das maiores curvas de aprendizagem para novos empreendedores ao iniciar um negócio alimentar. No caso de vender comida online, fazer com que os clientes sintam uma ligação à história da marca é extremamente importante. Pois se não podem provar a comida, terá de apelar aos seus outros sentidos.
A sua loja online é um ótimo lugar para começar. Investir em otimização para motores de pesquisa (SEO) pode ajudar a loja a ficar mais bem classificada para os termos que o seu público está a pesquisar.
Marketing de conteúdo e redes sociais
A McClure dedica uma parte significativa do seu site à comunidade, oferecendo conteúdo extra, receitas próprias e de clientes, bem como chamadas à ação nas redes sociais mais populares. As redes sociais são muito importantes para a marca. “É onde o nosso consumidor principal vai,” diz Bob. “Queremos estar envolvidos com a nossa comunidade porque é ela a nossa principal influencer. O boca-a-boca pode levar a sua marca extremamente longe, como temos visto.”.
McClure’s Pickles
Marketing offline
É importante levar a sua marca alimentar para as ruas e para as bocas dos seus potenciais clientes:
- Gere entusiasmo na sua cidade ao participar em mercados de agricultores.
- Abra uma loja pop-up.
- Faça parcerias com restaurantes ou outras marcas complementares para organizar um evento de degustação.
- Organize um jantar privado para influencers.
- Convide, periodicamente, os clientes a conhecer o seu processo (como visitas a cervejarias ou fábricas).
- Lance a sua marca numa feira de alimentos e bebidas para consumidores.
Outras ideias de marketing para marcas alimentares
Uma janela pop-up na sua página inicial é um pequeno “empurrão” para os visitantes se ligarem à marca. Noodie
Criar um negócio alimentar online de sucesso depende de um esforço consistente para atrair clientes para a sua loja de e-commerce. À medida que os algoritmos mudam e novas redes sociais surgem, é especialmente importante criar as suas próprias listas de clientes. Incentive a inscrição na sua newsletter por e-mail ou a criação de uma conta de cliente. Ofereça descontos ou vantagens de adesão em troca de um endereço de e-mail.
Outras táticas de marketing para atrair clientes:
- Envie produtos para influencers de comida.
- Faça parcerias com marcas complementares para realizar uma promoção ou desenvolver um produto co-branded por tempo limitado.
- Incentive avaliações e conteúdo gerado por utilizadores.
- Realize concursos ou sorteios nas redes sociais.
- Patrocine um evento e disponibilize o seu produto como parte da oferta de catering.
- Crie conteúdo de receitas exclusivo para assinantes.
Chega de ideias de negócios mal cozinhadas
À medida que os negócios alimentares diretos ao consumidor (DTC) ganham popularidade, vender comida online tornou-se mais fácil do que nunca.
Mais de uma década após o seu lançamento, a McClure, emprega dezenas de pessoas que fazem e enviam o seu produto para milhares de consumidores e parceiros de retalho em todo o mundo. Embora o Bob não possa afirmar com confiança que tem tudo resolvido, a sua jornada tem sido gratificante.
“Alguns desafios são colossais e pode parecer tentador desistir”, afirma, “mas se os encarar como experiências de aprendizagem para o futuro, estes contribuirão para o sucesso da sua história. Se não aprendermos com as nossas ações como empreendedores, não crescemos verdadeiramente.”.
Ilustração em destaque por Pete Ryan
Perguntas frequentes sobre como vender comida online
Posso fazer comida em casa e vendê-la?
Sim, pode fazer comida em casa e vendê-la online ou pessoalmente. Certos países (como Portugal) têm leis específicas sobre alimentos caseiros. Se quiser, até pode gerir um negócio alimentar online e vender em mercados locais.
Qual é o negócio alimentar mais barato para começar?
A forma mais económica de começar um negócio alimentar é fazer os seus produtos em casa e vendê-los online. Este modelo permite-lhe iniciar um negócio alimentar e dinamizá-lo lentamente.
Como definir o preço da comida para venda?
Ao definir o preço de qualquer produto, use uma fórmula simples. Basta somar os custos variáveis aos custos fixos mais a margem de lucro. Também é importante ter em mente quem é o consumidor e o que essas pessoas estão dispostas a pagar. Compare os seus produtos com outros negócios alimentares online de sucesso e use o preço médio do mercado como referência.


